terça-feira, 12 de julho de 2011

A descoberta de Lilica







Todos buscam a felicidade. O que nem todos sabem é que muitas vezes ela está mais perto do que se imagina.
Num reino distante havia alguns seres especiais que quando conectados com a natureza poderia fazer coisas incríveis, além do que as pessoas comuns faziam naturalmente. Estes seres usavam a forma humana para se relacionar e viver suas vidas, ultrapassando as barreiras das perdas e solucionando grandes problemas com pequenos gestos de amor e bondade. Também transmitam um conhecimento raro, daqueles que podem ajudar todos que encontravam. Juntos eram fortes e indestrutíveis.
No meio de todos esses seres, uma pequena menina chamada Lilica vivia alguns conflitos internos, pois não conseguia como os demais, se sentir feliz e plena naquele reino. Então, num dia quente de verão, Lilica resolveu abandonar todos os seus amigos, parceiros de lutas, família e resolveu descobrir o que existia escondido no mundo, o que poderia lhe trazer felicidade e deixar seu coração aquecido.
Logo ela usou seus incríveis poderes e do alto de uma grande montanha saltou e iniciou sua jornada, voando pelo mundo afora, como uma pequena fada saltitando e rindo com sua aventura. Ela construía sonhos de um dia trazer um pouco das lindas coisas que encontrasse mostrando onde ficava escondida a tal da felicidade e desejava compartilhar isto com todos os que amava. Mas as coisas não aconteceram como Lilica prevera. Nesta jornada ela encontrou dificuldades dais quais o seu pequeno coração jamais imaginara que pudessem existir. Chorou de solidão, se sentiu perdida e tantas vezes rejeitada. Quis voltar, mas o caminho de volta era tão longo e árido que seus pequenos pés doíam só de pensar em voltar de mãos vazias, sem esperança e sem a riqueza da felicidade.
Então resolveu desistir, era mais fácil e poderia viver como um ser comum e ninguém jamais saberia do quanto era especial nem das lindas coisas que poderia fazer quando estava junto com seus amigos e família. Na verdade, ninguém se importava, ninguém sabia. Nessa etapa de sua vida, fez muitas coisas das quais não gostava e gostava de pessoas que não correspondiam seu gostar.
Algumas vezes a pequena se escondia, preferia ficar no escuro para curtir sua solidão, ou então corria para algum quintal na tentativa de se conectar com lua e tocar as estrelas com suas pequenas mãos. Ouras vezes ficava horas e horas numa biblioteca, saltitando de livro em livro, a única viagem que conseguia fazer já que distante do seu lar, sua energia era tão pouca e tão fraca que já não voava mais. Ela quase já não sabia mais quem era, já estava se esquecendo do quanto era especial. Esquecer! Esta parecia uma boa idéia. Seria a forma menos dolorosa de viver sua nova realidade. Isto mesmo, era o que Lilica estava decidida a fazer.
Certo dia na biblioteca, esquecida das horas, nossa pequena heroína encontra um velho, que lhe chama a atenção pela semelhança com um sábio dos livros de contos de fadas que tanto amava ler. Ela se aproxima aos poucos, com olhos curiosos e com o coração acelerado, pois pensava: - será que ele é um fantasma que saiu do livro?
Quando estava bem perto, o velho lhe sorriu suavemente, olhou em seus olhinhos e perguntou: - O que pensa encontrar aqui, pequena?
Assustada, Lilica hesita em responder, mas diz: - eu procuro a felicidade.
- E como ela é? Pergunta o velho curioso.
- Bem, ela é algo que deixa o coração da gente quentinho, faz a boca sorrir sozinha e a gente se sente leve que dá vontade de voar pelo universo.
Curioso, o velho retruca: - E onde você a viu pela última vez?
Lilica não sabia responder. Nesta hora passavam tantas coisas em sua cabeça. Tantas possibilidades, inúmeras imagens e sons, rostos sem definição, apenas incertezas. Então ela olha para o velho, na intenção de pedir sua ajuda para decifrar um mistério tão medonho, mas, onde ele está? Intrigada, Lilica não sabe se ele foi apenas um breve sonho, ou se foi mesmo um daqueles personagens dos contos que lia.
A pequena volta para sua casinha, um abrigo que fica próximo ao centro da cidade pensando em tudo que acontecera e tentando lembrar onde teria visto a felicidade pela última vez. Ela era tão familiar, no entanto parecia estar mais longe que antes, na verdade à milhas de distância.
Na semana seguinte, ao voltar para a biblioteca, Lilica encontra um grande e pesado livro da capa preta. Na frente o título o apresentava como “O Grande Livro da Sabedoria”. A menina pensou em ler todo aquele livro ansiando encontrar a resposta da indagação do velho, que agora era sua. Após ler exaustivas páginas, esqueceu um pouco da sua tensão e relaxou, bebendo assim na fonte do conhecimento e se deleitando com todos aqueles sábios ensinamentos. Era isto, todas as respostas estavam ali, pelo menos deveriam estar, segundo a pequena menina.
Foram várias semanas até conseguir ler todo o grande livro e no final estava escrito: “Onde estiver o teu coração, ali estará o teu tesouro”. Lilica fecha o livro e volta para casa mais uma vez pensativa. O que queria dizer aquela frase? Onde estaria o seu tesouro? Onde ficara o seu coração? Eureca! Essa era a resposta! O tesouro era a felicidade e o coração estava junto com os seus, ali existia uma energia fantástica, ela se sentia forte, alegre e plena. “Preciso voltar para casa” pensou Lilica, “nem que seja para revê-los uma última vez”!
Sua jornada de volta seria bem dura, não podia mais voar, nem sabia mais como se fazia isto, então começou a caminhar. A estrada parecia não ter fim. Foram dias, meses caminhando de volta para aqueles que a amavam imensamente e que sentiam muito sua ausência.
No caminho encontrou alguns andarilhos, pessoas que como ela estavam voltando para algum lugar. Neste longo caminho de volta, fez bons amigos, amou, sorriu, descobriu coisas novas e interessantes. Contemplou coisas e animais exóticos. Mesmo longa a viagem foi bem agradável, pois desta vez, não era solitária.
Enfim Lilica reencontra os seus amigos e familiares. Parecia que duas metades estavas se juntando outra vez. Seu coração ardia de tanta emoção, seus olhos choravam, mas desta vez de alegria, sua alma saltitava por dentro. Era isto, eis a felicidade. Ela estava lá o tempo todo e a pequena voou para tão longe quando aquilo que desejava estava muito perto.

Nenhum comentário: